Eu era tão amorosa, com um olhar tão ingénuo e inocente. Eu tenho a porra de um CD do Camp Rock! Eu era aficcionada pela Avril Lavigne! Gostava da onda punk cor-de-rosa e delirava com os palavrões ocasionais da música. Eu percebia de html e css, fazia websites, tirava selfies engraçadas e infantis, fazia efeitos no computador. Eu coleccionada merdinhas, era viciada no hi5, adorava ler colecções grandes como Uma Aventura, Bando dos Quatro, Triângulo Jota, e devorava-os em pouco tempo. Eu acendia velinhas, colocava um aroma perfumado a queimar, dançava hiphop ao som de 50 Cent ou abanava o capacete ao som do Boom Boom Pow. Eu era meticulosamente arrumada, andava sempre com o cabelo liso e muito bem penteado, vestia-me sempre com duas estações de moda de atraso, era poupada até dizer chega. Gastar 50 euros num par de calças ou num par de ténis era o expoente da riqueza. Detestava músicas calmas. Era tão boa menina.
Agora digo muitos palavrões, ando de prioridades trocadas, a expressão é distorcida, má, manipuladora, sedutora, entusiasta, plastificada, convincente. Ando de cabelo pintado, armada garota alternativa, ouço jazz, uso robe, deixo a comida que não comi no quarto, danço com desconhecidos, adotei um passo lento de andar...
A curiosidade de falar com estranhos online transformou-se em exibicionismo virtual, os ténis viraram sabrinas, os casacos de algodão são agora casacos de couro, os brincos de flores e brilhantes são argolas e alargadores, as paixões platónicas tornaram-se num amor amedrontado, os xD viraram lol, o "k" das sms transformaram-se em "que", o ser poupada e sensata foi pelo caralho, o quarto anda com um cheiro estranho, as calças piratas deram lugar ás minissaias...
Se estou feliz? Sim. Cada vez mais. Se gosto? Não muito. Traí-me.
Ei.
Old
19 de agosto de 2014
7 de agosto de 2014
Delirium tremendoooooooooooooooooous.
Olha a maneira como ela fala para mim. Com a voz calma, controlada, suave, num tom baixo, dentro do audível. Mas com uma nota de tensão bem patente. Ela está insegura. Ela tem medo da minha imprevisibilidade. Diz que daqui a duas horas irei receber visitas. Diz para me portar bem. Portar bem? Que idade tenho? Quatro?! Só pode. Na verdade, para ser honesta, não tenho a certeza da minha idade. Não tenho mais acesso aos meus documentos pessoais. Não faço a mínima de que dia é hoje. Ou em que ano estamos. Ou há quanto tempo aqui estou.
O Dr. Silva começa a sessão pedindo a minha apresentação rotineira.
"Olá, o meu nome é Susana, tenho 21 anos e vivo em Algés."
Rotina idiota, mas necessária, diz ele. Uma consciencialização. Um memoir que supostamente testa a minha sanidade, pois tenho acessos amnésicos, em que ataco inocentes. Diz-me ele.
"Estou internada no Centro Psiquiátrico de Lisboa. "
Talvez até seja verdade. Mas como realmente provar? Como uma louca admite a loucura? Como uma sã admite a sanidade? Como sabe, como distingue a verdade, a realidade?
Sinto a cabeça pesada. Forma-se um burburinho, um ruído de fundo, por detrás da voz pastosa do Dr. Silva, que gradualmente aumenta de intensidade. Já não o ouço. Em vez disso, oiço aquela voz melancólica, aquela voz que me subordina. E estou fora de mim. Grito. Sinto-me a berrar a altos pulmões. Oiço o som estridente da minha própria voz, mas não a reconheço como minha. Parece que assisto ao sonho confuso de uma outra pessoa. Uma pessoa que desfechou o punho em torno do pisa papéis e que tenta atingir tudo o que estiver ao alcance. Folhas voam, material de escrita espalha-se pelo chão. O globo que enfeitava a mesa de madeira, caí, desprende-se da estrutura e rebola pelo chão. Eu chuto. Eu vejo o pânico do Doutor, o pânico de um menino que clama pela mamã, que estremece ao ritmo da minha respiração.
"Sim..."
E no segundo seguinte, o animal selvagem é domado por corpulentos homens de branco. Estrebucha, tenta livrar-se daquele casaco branco. Grita ainda mais. Ataca. Arremessa o pisa papéis contra o espelho. Estilhaços voam. A criatura encara os cacos no chão, encara o reflexo dividido dos estilhaços no espelho. Espera, aquela sou eu?
Cena dois. O quarto branco do castigo. Estou sozinha. Ao menos o espaço é-me familiar. Ainda tenho aquele casaco merdoso vestido. Tenho os braços presos ao meu próprio corpo. Preciso de mijar. Sinto-me tonta. Injectaram-me outra vez alguma coisa que me deixa dormente, aqueles filhos da puta.
O Dr. Silva começa a sessão pedindo a minha apresentação rotineira.
"Olá, o meu nome é Susana, tenho 21 anos e vivo em Algés."
Rotina idiota, mas necessária, diz ele. Uma consciencialização. Um memoir que supostamente testa a minha sanidade, pois tenho acessos amnésicos, em que ataco inocentes. Diz-me ele.
"Estou internada no Centro Psiquiátrico de Lisboa. "
Talvez até seja verdade. Mas como realmente provar? Como uma louca admite a loucura? Como uma sã admite a sanidade? Como sabe, como distingue a verdade, a realidade?
Sinto a cabeça pesada. Forma-se um burburinho, um ruído de fundo, por detrás da voz pastosa do Dr. Silva, que gradualmente aumenta de intensidade. Já não o ouço. Em vez disso, oiço aquela voz melancólica, aquela voz que me subordina. E estou fora de mim. Grito. Sinto-me a berrar a altos pulmões. Oiço o som estridente da minha própria voz, mas não a reconheço como minha. Parece que assisto ao sonho confuso de uma outra pessoa. Uma pessoa que desfechou o punho em torno do pisa papéis e que tenta atingir tudo o que estiver ao alcance. Folhas voam, material de escrita espalha-se pelo chão. O globo que enfeitava a mesa de madeira, caí, desprende-se da estrutura e rebola pelo chão. Eu chuto. Eu vejo o pânico do Doutor, o pânico de um menino que clama pela mamã, que estremece ao ritmo da minha respiração.
"Sim..."
E no segundo seguinte, o animal selvagem é domado por corpulentos homens de branco. Estrebucha, tenta livrar-se daquele casaco branco. Grita ainda mais. Ataca. Arremessa o pisa papéis contra o espelho. Estilhaços voam. A criatura encara os cacos no chão, encara o reflexo dividido dos estilhaços no espelho. Espera, aquela sou eu?
Cena dois. O quarto branco do castigo. Estou sozinha. Ao menos o espaço é-me familiar. Ainda tenho aquele casaco merdoso vestido. Tenho os braços presos ao meu próprio corpo. Preciso de mijar. Sinto-me tonta. Injectaram-me outra vez alguma coisa que me deixa dormente, aqueles filhos da puta.
Lista cinzenta.
Maneiras perfeitas de morrer:
- por alguém
- chupar cianeto
- overdose de cocaína
- tiro na cabeça
- ingerir veneno
- excesso de comprimidos para dormir
- atropelado
- injecção letal
4 de agosto de 2014
Quatro de agosto de dois mil e catorze
Adoro sorrisos contagiosos,
queria aprender a fazê-los para que todos a minha volta fossem mais felizes,
queria um sorriso com sabor a chocolate ,
daqueles que se guardam no bolso para comer mais tarde ,
mas muito tarde não, porque senão derretem-se.
Queria um beijinho doce como um sorriso,
na bochecha esquerda porque é aonde o papa a mama e a avó costumam dar.
O avo dá um passa bem e um sorriso também e diz: "então campeão quem é o melhor clube do mundo?" eu digo "Benfica" e ele dá-me um caramelo.
Quando for grande quero ser cowboy pegar numa pistola e ser herói.
Não gosto de meninas, mas gosto da Ana Clara, ela é bonita, sorri como o sol e usa flores na cabeça . Houve um dia , eu ofereci-lhe um malmequer e ela sorriu para mim , eu guardei aquele sorriso no meu bolso para mais tarde ma não muito tarde senão derrete."
- MIZU SHIRO
2 de agosto de 2014
Sun
Sun rays cracking on my windows
flowers flying as the wind blows
my baby is covered, under this white sheet
I'm teasing him by a touch with my feet
He smile, he laugh, he kisses my nose
We've hanging like this so far, so close
He cheers me by playing accent in british
He is making me giggle like a foolish
He is making my day, filling it with joy
I am gonna make this dude my boy
flowers flying as the wind blows
my baby is covered, under this white sheet
I'm teasing him by a touch with my feet
He smile, he laugh, he kisses my nose
We've hanging like this so far, so close
He cheers me by playing accent in british
He is making me giggle like a foolish
He is making my day, filling it with joy
I am gonna make this dude my boy
1 de agosto de 2014
Duelo
A guerra está em todos nós. Existe um conflito diário, por vezes facilmente combatido, por vezes insuperável, que toma a forma de problemas sociais. Sendo que os problemas estão unicamente no nosso eu individual. O duelo trata-se do ser ou não ser, encarar e lidar, ou recuar e reprimir, disfarçar, pretender, fingir, enganar. É mais fácil render, é mais difícil avançar. E ao que eu me refiro? Aos meios que utilizamos para alcançar os fins. Este texto, prometo que será confuso, pois falo de uma forma geral suprema; até posso especificar com um ou outro exemplo, mas o seu cerne, já se perdeu entre a primeira frase e a segunda. Mas ainda assim continuarei a escrever, pois, neste momento, estas palavras fazem sentido para mim. Tudo o que importa. Ah, e aproveito para mencionar que estou de estômago semi vazio e com algum álcool no sangue, o que elucida-me bastante a mente e obriga-vos a levar-me a sério. Ei. Atentem. Refiri-me ao meu público invisível, a um "vós". Ou seja, suponho inconscientemente, ou desejo que do outro lado, existam pelo menos dois pares de escutadores de canções de desabafo. Que iludida!
Ok. Retomando então o não-tema. Eu referia-me à não-paz. O porquê da guerra. A sua origem. A solução parece-me simples: carência e medo de julgamento. E talvez deva-se à percentagem de álcool ou à temática do livro que atualmente leio (A carícia essencial, livro de psicologia do afeto, muito fixe), porém, esta teoria promete ter algum fundamento. Só que agora estou com preguiça para escrever. Volto já.
Ok. Retomando então o não-tema. Eu referia-me à não-paz. O porquê da guerra. A sua origem. A solução parece-me simples: carência e medo de julgamento. E talvez deva-se à percentagem de álcool ou à temática do livro que atualmente leio (A carícia essencial, livro de psicologia do afeto, muito fixe), porém, esta teoria promete ter algum fundamento. Só que agora estou com preguiça para escrever. Volto já.
30 de julho de 2014
Noddyces
O bom do nacional na boca do senhor das bolas de berlim: Noddy! Quem comer o Noddy faz Noddysmo!
E tinha ataques de personalidade múltipla. Dizia "Já só tenho três!!", seguido de "Aldrabão!!" ou seguido de "Já só tenho quatro! Agora já só tenho cinco!"
Ou "Ah, você quer, é? Calma minha senhora eu não me vou embora, não me agarre" -
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