Old

5 de junho de 2012

Deep down, but this time, not alone.



Uma miscelânea de cápsulas, pacotes, invólucros, paletes metalizadas, formas arredondas, ovais, cores brilhantes escuras. Muitos comprimidos numa só cómoda. E está tão desarrumado, que me apetece alinhar aquilo tudo por cores e tamanhos. Mas isso sou eu. Sou eu a imaginá-la a tirar uma mão cheia de comprimidos da cómoda, a pô-los  na boca e engolir. E repetir, como uma maníaca a alimentar-se. Comprimidos para o estomâgo, para a cabeça, para os intestinos, para a digestão, para as dores, para a garganta, aspirinas, ben-ur-ons, só faltam mesmo os antidepressivos e os comprimidos para dormir. Hipocondria pura, associada á depressão. E nem sequer  sou médica, sou só uma paranóica preocupada com a saúde da mãe, que está á procura dos sintomas na internet. Mas não preciso de nenhum curso de medicina para entender que há algo que está a consumir a mente dela. Criam-se ilusões, plantam-se no cérebro, crescem e crescem até se tornar realidade, convence-se de que é mesmo verdade, e que há factos que o provam, e que não está louca, e que chora sem motivo, e se isola e se afasta de quem se preocupa, e se desinteressa... Magoa-me.
Tão frágil, quem devia interpretar o papel de me proteger. Os papéis inverteram-se e eu, mal preparada (mas afinal, quem fica preparada para estas coisas?) tenho de fazer de tudo. Primero obstáculo: comunicação. Pai,  a mãe precisa de ajuda. Antes que seja tarde de mais.
E só me apetece correr cobardemente, e fugir aos problemas, porque simplesmente é demasiado confuso...

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