Então eu vou explicar:
Tenho uma certa tendência para o bipolarismo, coisa que é consequência da mistura de sangues, fusão cultural, influências alheias et blábláblááá. Tenho pois, duas facetas, o melhor dos dois mundos. Sob a minha perspetiva, como é óbvio.
E é muito simples:
De dia sou uma menina.
Á noite, sou a menina.
Ainda não reli o blogue inteiro, fa-lo-ei talvez daqui a duas décadas, quando estiver com tempo livre demais, mas tenho a certeza de que estas duas facetas se manifestam através da forma como eu escrevo, mas de forma individual. Elas raramente se tocam ou se difundem, são mesmo duas personalidades. Porém, as duas vivem só num corpo e têm de saber coexistir. Têm de saber quando apagar o sorriso diabólico e colocar o olhar ingénuo e vice-versa. Se é o caso, nos meus textos, então também o é no dia-a-dia.
Felizmente, com o tempo (e a maturidade) os traços começam a ganhar consistência e já me sinto segura para expressar algo sólido. Morre aos poucos a incerteza e as dúvidas existenciais. C'alívio.
O problema é que como já começo a dominá-las, e a saber em que momento tirar partido delas, as consequências deixam de estar fora do meu alcance: é como conduzir a 100 km/h e afundar no travão, de seguida. E por vezes é difícil conciliar os dois mundos.
Na verdade, pouco me importa o cansaço físico, as olheiras-panda, a necessidade de sono. Preocupa-me antes quem eu possa eventualmente arrastar na dita bipolaridade; não é fácil acompanhar mente instável alheia, e sair sereno. Talvez eu surpreenda, ou assuste, ou cause confusão. Posso levar a um momento de felicidade. Posso roubar uns minutos dessa mesma felicidade e trocá-la por frustração e incompreensão. Isto já não consigo prever.
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