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21 de maio de 2009







Quantas vezes já acordaste sem vontade de viver? Quantas vezes te perguntaste «Porque eu não adormeci novamente? Escusava de ter outro pesadelo.»... De qualquer forma, vemos os outros com um sorriso estampado na cara. Será esse sorriso sincero? E vemos os nosso amigos com os braços estendidos cheios de amizade para dar. De onde vem essa felicidade?

Estou no topo de um edíficio. Olhando os carros a passar, oiço a suave brisa e os risos agudos, sinto o sol quente, no entanto, olhando lá para baixo... É tão tentador. Podia simplesmente fechar os olhos e acordar num sítio sem este tipo de coisas.

Estou no topo de um edíficio. Tantas crianças a correrem, a brincarem. Naquela altura, eu fazia o mesmo, com toda a vontade do mundo de viver, aqueles preciosos segundos em que ria com prazer. Para onde foi essa vontade? Talvez ela tenha ido para o paraíso. Vou ter com ela. Quero tanta atenção. Quero tanto amor. Mas só vão sentir isso depois de eu ter os olhos fechados. Então que o meu sacríficio seja útil para pessoas como eu. Uma vida a menos, não conta nada, afinal. Há milhares de corações a baterem por aí. Tudo o que começa, acaba. Não importa o tempo que leva a terminar.



Estou no topo de um edíficio. E uma gota brota do meu olho, atravessa o meu rosto e em movimento lento cai até lá abaixo. Nínguem dá conta, porque todos estão entretidos nas pequenas coisa insignificantes que tornam uma vida inútil. Para quê chorar? Para quê sofrer? Basta um salto, e o pesadelo termina para sempre. Só o destino sabe para onde vou. Mas não deve ser pior. Porque não existe Inferno. Isto, é o Inferno, portanto do outro lado deve ser o Paraíso, um sítio calmo, onde não sinto necessidade de esconder a minha face, quando choro. Onde não sofro, não desespero, onde não me sento encostada á parede com as cicatrizes da alma a acordarem.

Estou no topo de um edíficio. Porque está a minha família ali atrás dizendo para eu não saltar? Porque a minha melhor amiga diz para eu não ser parva? Eles não querem que eu seja feliz? E porque estão todos de lágrimas nos olhos? Afinal, quando eu estava com lágrimas, eles sorriam. Então, é a minha vez? Serei assim tão egoísta? Mas isto não tem sentido. Eles querem que eu suporte todo este peso no espírito até não poder mais? Eles não sentem o que eu sinto, não sabem e não se importam com o que eu penso, pois não?

Estou no topo de um edíficio. Nada me parará. Por favor, mãe, pai, cuidem-se até o anjo da Morte vos vier buscar. Basta de mais lágrimas. Acabou. Agora desejo ver do Paraíso pessoas com sorrisos sinceros e olhares confiantes no rosto. Mas, agora tenho outra preocupação. O anjo da Morte chama-me. E não me vai dar tempo para despedir. Mas sempre posso voltar atrás, não posso? No fim, tantos braços me poderão abraçar, tanto amor que posso receber. Amor? O que é isso? Não passa tudo de uma ilusão que acaba.

Estou no topo de um edíficio. O meu limite. A minha linha. De um lado está vida, do outro, a morte. Odeio decidir. Mas não tenho escolha. De uma lado, está a luz, do outro a escuridão. Ou serão os dois lados negros como as noites em que não consigo adormecer? Ou talvez, são ambos lado iluminados, cheios de vida e esperança, mas de maneira diferente? É um jogo. Se errar um passo, receberei as minhas consequências. Eles dizem «Volta.», o anjo da Morte diz «Vem comigo». Mas nada promete-me uma verdadeira felicidade.

FINAL:

VERSÃO I:
Estou á frente de um portão. Um portão gigante onde as grades são altas, estendendo-se para além do infinito. A única maneira de atravessar é... Olha, apareceu um anjo! Pelo menos parece um anjo, com o seu manto de um branco puro, um par de asas e uma pequena auréola. É uma criatura fascinante. Ele dá-me as boas vindas para a eternidade. Explica que não é bem uma eternidade, pois nada é eterno. Tudo começa e acaba. Mas no Céu não existe tempo. Vou ficar ali para sempre, inconsciente do que estou a fazer, sem necessidades humanas, sem companhia, sem sede, sem fome, sem frio, sem calor, sem sono. Apenas a observar as infinitas nuvens do Céu. E como não tenho necessidades humanas, não tenho sentimentos. E por isso o monótomo não me vai aborrecer. Ou vai? Afinal tudo o que começa, acaba. Esta deve ter sido a má escolha. Mas viver... Oh. Agora é tarde de mais, pensar não serve de nada. Apenas sonhar. Sonhar com a Vida. Sonhar com a Felicidade, com a Tranquilidade que sempre quis sentir.


VERSÃO II:
Estou no topo de um edíficio. Mas não estou a observar os carros. Não estou a ver a actividade da Vida pelo topo do edíficio. Estou rodeada das pessoas que mais amo neste mundo. Estou a abraçá-los como abraço a vida neste momento. Sei que amanhã é outro dia. Sei que acordarei com a vontade de correr, de brincar, de viver com fazia em criança. Sei que saberei sorrir sinceramente. Sei que todas as pessoas que me amam, me apoiarão e eu apoiarei todas as pessoas que amam. Simplesmente para viver. Todos os segundos preciosos da Vida. Não vou chorar sozinha, não vou esconder-me. Assim como não esconderei a minha Felicidade e Esperança na vida. Porque agora tenho-a. Tenho a Felicidade e Tranquilidade que sempre quis. Tudo o que começa, acaba. Seja os bons ou maus momentos. Afinal tudo o que não mata, amadurece. E eu vou viver cada momento da minha vida intensamente, o que quer que aconteça.

Afinal, sempre temos duas opções na vida. É só saber escolher, sem arrependimento. Enfrentar o destino com coragem, orgulho, confiança e determinação.

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