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8 de julho de 2011

Como água para chocolate - Caixa de Fósforos


Um facto estranho sobre mim: adoro o cheiro dos fósforos. Antes e depois da combustão. É tão... intensamente subtil. Não me importava de ter o quarto impregnado desse aroma.
E a verdade é que, segundo Laura Esquivel, o nosso corpo tem os elementos necessários para a criação de fósforo. Todos nós temos uma caixinha de fósforos cá dentro. Mas como qualquer bom pauzinho de fósforo, é necessário oxigénio, uma vela e uma temperatura elevada para que entre em combustão e acenda-se, produzindo aquele efeito agradável de calor no meio envolvente, que com o tempo, vai desaparecendo, até que surja uma nova explosão. São estas pequenas centelhas a alma da energia, a essência da vida. E os detonadores desta confortável explosão não são só o calor e oxigénio por si mesmos, mas também algo que estimamos, alguém que amamos, um objecto, alimento, uma melodia, uma palavra, uma carícia, um som...
Mas se com o passar do tempo, não tenhamos a oportunidade de fazer com que um fósforo se acenda, a caixinha, abandonada a um canto, ganha humidade. Tal é o frio, á medida que esquecemo-nos da sensação de uma forte emoção! E esse frio consome-nos. Deprime-nos. De repente o nosso mundo fica grande, escuro e estranho.
Contudo, tal como as leis da Natureza o permitem, qualquer caixa pode ser deixada ao Sol, para que as centelhas  se reacendam. A esperança nunca morre, não é? Por outras palavras, com o devido tempo, e o carinho necessário, a nossa chama interior de dia para dia ganhará força necessária para enfrentar os pedregulhos que se cruzam na nossa estrada.
Para que depois da combustão, o fósforo exale aquele odor maravilhoso...

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