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21 de maio de 2013

Deus está errado


É fantástico discutir com os religiosos: sabemos que é uma guerra perdida, mas que de alguma forma ainda se segura com muita teimosia, argumentos excelentes ou absurdos e provocações. E de vez em quando dá-me para pensar nestes assuntos - sim, para uma ateia também é inevitável, dada a influência, devo confessar. E também tenho de confessar que houve pelo menos dois momentos da minha vida em que tive de colocar os joelhos no chão e apelar ao meu lado oculto religioso, e acreditar com tudo o que era meu que por aí havia um deus com D maiúsculo. Também é provável que tenha pedido a esse mesmo deus/pai natal uma Barbie pelo Natal. Viva as futilidades juvenis!
Mas já tive a oportunidade de discutir com um religioso, e com ateus sobre religião, e foi fantástico. No primeiro caso, pela sua convicção eu acabei por desistir: o homem estava ali a fazer o seu trabalho de espalhar a palavra, já devia ter convertido um punhadão de gente para a religião dele, mais valia calar-me. Ainda mais porque cada vez que eu colocava algo em questão, em vez de me responder-me diretamente, recorria ao livrinho, com uma passagem de Mateus/Hebreus/Ignoto capítulo tal, versículo tal. Segundo o que a CIÊNCIA me ensinou, isso origina uma discussão falaciosa: eu quero que me respondam, e não que parafraseiem e consideram a resposta dada. Portanto, quando eu digo que "Deus está errado", estou só a provocar, e que provocação! Já em segundos casos, tive conversas fascinantes com ateus e semi-crentes/não praticantes que lá têm as suas teorias mirabolantes e fazem jus á imensidão da história religiosa.
Então a minha posição é esta: apesar de não ser religiosa, eu defendo os benefícios que a fé nos traz, porque honestamente o humano é frágil demais se não tiver uma base sólida a que se agarrar. (In)felizmente, a religião já tem uma credibilidade de mil anos e mil gerações, daí que seja tão difícil contestar e tão divertido argumentar, mas é essa mesma imensidão que dá ao homem a capacidade de aguentar um dia mau sem recorrer á autodestruição, e realmente vale a pena manter a saúde e sanidade neste mundo durante alguns anitos, porque a vida é boa para caralho. Amén.
E para terminar, as perguntas provocatórias:
- Se deus defende a união do homem, porque é que ele destrói a torre de Babel? O "homem" está a contradizer a própria palavra com o ato: em vez de semear a concórdia, aumentou a destruição BUAHAHAHA. Ah, está bem, respondem-me então que por ambição do homem em querer ser deus, ele foi obrigado a construir a torre. Isto para mim é um argumento fraquinho, ora armem-se lá em homens de passar a palavra sagrada e expliquem-me porque eu não entendo:
a) A torre é uma construção material, logo superficial e fútil. Os nossos bens não devem residir na grandiosidade dos bens, mas nos valores, nos princípios, na bondade, nos sentimentos. O que é que isto tem de sagrado? Logo, esta peça arquitetónica devia ser preservada e não vista como uma ameaça.  E vivam os hippies, eles é que estão cheios de razão.
b) Se deus zangou-se por uma torre porque temia que o homem chegasse aos céus, ou seja, que o Homem ocupasse o lugar de deus, então deus está a ser mesquinho e HUMANO. O Homem é que tem o direito de ter essas dúvidas existenciais e ainda assim ser ingénuo. Se deus está preocupado porque o Joãozinho está a roubar-lhe a sobremesa da cantina, isso não lhe está a deixar com uma boa impressão, ainãonão. Mais valia não contar aquela história do João e o Pé de Feijão, do menino que chegou aos céus, com umas sementinhas, porque isso sim, deve ser bastante ofensivo para deus.

- Está profetizado naquele livrinho que vai chegar a Apocalipse, com a corrupção do homem, no entanto nestas últimas décadas tem-se vivido o que é segundo a História o período mais pacífico de todos os tempos. Com exceção de ainda alguns países, a igualdade de direitos prevalece, não há hierarquias, não há sangue, não há guerras. Admito que há ainda imensa fome, injustiça, muitos interesseiros, lambe-botas, chico-espertos e pessoas que não hesitariam em apunhalar costas em troca de algum papel verde, mas em comparação com a dor que a humanidade já passou, durante séculos, dou-me por muito feliz por viver esta época. Os problemas da sociedade quase que são absurdos: obesidade, SIDA, bullyng, drogas... E os outros, que desde sempre têm existido: violação, pedofilia, violência doméstica... Deus, estás errado, se esta geração de facebookers, homens com pança de cerveja, mulheres de salto alto com calos nos pés, adolescentes prematuros devoradores de jogos online, internet, comando na mão, reality shows, etc, um dia levantar o rabo do sofá e declarar a Terceira Guerra Mundial é porque algum psicopata tem fetiche por bombas nucleares e não porque é o AIMEUDEUS É o FIMDOMUNDO, por isso, Eu Um, Deus Zero.
Boas, estou a ter uma conversa inteletual com deus.
Estou a contradizer-me, estou a admitir a Sua existência. Que irónico. Oh dude.
Vou estudar, que amanhã tenho teste.

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