É fantástico discutir com os religiosos:
sabemos que é uma guerra perdida, mas que de alguma forma ainda se segura com
muita teimosia, argumentos excelentes ou absurdos e provocações. E de vez em
quando dá-me para pensar nestes assuntos - sim, para uma ateia também é
inevitável, dada a influência, devo confessar. E também tenho de confessar que
houve pelo menos dois momentos da minha vida em que tive de colocar os joelhos
no chão e apelar ao meu lado oculto religioso, e acreditar com tudo o que era
meu que por aí havia um deus com D maiúsculo. Também é provável que tenha
pedido a esse mesmo deus/pai natal uma Barbie pelo Natal. Viva as futilidades
juvenis!
Mas já tive a oportunidade de discutir com um
religioso, e com ateus sobre religião, e foi fantástico. No primeiro caso, pela
sua convicção eu acabei por desistir: o homem estava ali a fazer o seu trabalho
de espalhar a palavra, já devia ter convertido um punhadão de gente para a
religião dele, mais valia calar-me. Ainda mais porque cada vez que eu colocava
algo em questão, em vez de me responder-me diretamente, recorria ao livrinho,
com uma passagem de Mateus/Hebreus/Ignoto capítulo tal, versículo tal. Segundo
o que a CIÊNCIA me ensinou, isso origina uma discussão falaciosa: eu quero que
me respondam, e não que parafraseiem e consideram a resposta dada. Portanto,
quando eu digo que "Deus está errado", estou só a provocar, e que
provocação! Já em segundos casos, tive conversas fascinantes com ateus e
semi-crentes/não praticantes que lá têm as suas teorias mirabolantes e fazem
jus á imensidão da história religiosa.
Então a minha posição é esta: apesar de não
ser religiosa, eu defendo os benefícios que a fé nos traz, porque honestamente
o humano é frágil demais se não tiver uma base sólida a que se agarrar.
(In)felizmente, a religião já tem uma credibilidade de mil anos e mil gerações,
daí que seja tão difícil contestar e tão divertido argumentar, mas é essa mesma
imensidão que dá ao homem a capacidade de aguentar um dia mau sem recorrer á
autodestruição, e realmente vale a pena manter a saúde e sanidade neste mundo
durante alguns anitos, porque a vida é boa para caralho. Amén.
E para terminar, as perguntas provocatórias:
- Se deus defende a união do homem, porque é
que ele destrói a torre de Babel? O "homem" está a contradizer a
própria palavra com o ato: em vez de semear a concórdia, aumentou a destruição
BUAHAHAHA. Ah, está bem, respondem-me então que por ambição do homem em querer
ser deus, ele foi obrigado a construir a torre. Isto para mim é um argumento
fraquinho, ora armem-se lá em homens de passar a palavra sagrada e expliquem-me
porque eu não entendo:
a) A torre é uma construção material, logo
superficial e fútil. Os nossos bens não devem residir na grandiosidade dos
bens, mas nos valores, nos princípios, na bondade, nos sentimentos. O que é que
isto tem de sagrado? Logo, esta peça arquitetónica devia ser preservada e não
vista como uma ameaça. E vivam os
hippies, eles é que estão cheios de razão.
b) Se deus zangou-se por uma torre porque
temia que o homem chegasse aos céus, ou seja, que o Homem ocupasse o lugar de
deus, então deus está a ser mesquinho e HUMANO. O Homem é que tem o direito de
ter essas dúvidas existenciais e ainda assim ser ingénuo. Se deus está
preocupado porque o Joãozinho está a roubar-lhe a sobremesa da cantina, isso
não lhe está a deixar com uma boa impressão, ainãonão. Mais valia não contar
aquela história do João e o Pé de Feijão, do menino que chegou aos céus, com
umas sementinhas, porque isso sim, deve ser bastante ofensivo para deus.
- Está profetizado naquele livrinho que vai
chegar a Apocalipse, com a corrupção do homem, no entanto nestas últimas
décadas tem-se vivido o que é segundo a História o período mais pacífico de
todos os tempos. Com exceção de ainda alguns países, a igualdade de direitos
prevalece, não há hierarquias, não há sangue, não há guerras. Admito que há
ainda imensa fome, injustiça, muitos interesseiros, lambe-botas, chico-espertos
e pessoas que não hesitariam em apunhalar costas em troca de algum papel verde,
mas em comparação com a dor que a humanidade já passou, durante séculos, dou-me
por muito feliz por viver esta época. Os problemas da sociedade quase que são
absurdos: obesidade, SIDA, bullyng, drogas... E os outros, que desde sempre têm
existido: violação, pedofilia, violência doméstica... Deus, estás errado, se
esta geração de facebookers, homens com pança de cerveja, mulheres de salto
alto com calos nos pés, adolescentes prematuros devoradores de jogos online,
internet, comando na mão, reality shows, etc, um dia levantar o rabo do sofá e
declarar a Terceira Guerra Mundial é porque algum psicopata tem fetiche por
bombas nucleares e não porque é o AIMEUDEUS É o FIMDOMUNDO, por isso, Eu Um,
Deus Zero.
Boas, estou a ter uma conversa inteletual com
deus.
Estou a contradizer-me, estou a admitir a Sua
existência. Que irónico. Oh dude.
Vou estudar, que amanhã tenho teste.
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