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21 de agosto de 2013

Fadiga

Dias que passam lentamente, a cria fatigada, ainda não pode pousar a cabeça e adormecer, pois ainda há o que fazer. Há sempre algo para fazer. Mas apesar do cansaço, há que saber como manter a mente lúcida, clara, e ativa... Basta um desleixo, uma distração, que um erro fatal irá retardar os gestos e provocar o caos. Há que aguentar. A cria está no limite e anseia pelo fecho das pálpebras, por um sítio onde possa colocar o corpo na horizontal e sentir-se quente, aconchegado e seguro. Porém, ainda há coisas para fazer, e se não for feito, por mais que tente descansar, fazer uma pausa, as preocupações materializam-se e provocam insónias, perturbam a alma, e até a superfície mais macia do mundo torna-se áspera, fria e desagradável ao corpo cansado. Portanto, temos de acabar tudo para poder dormir.

Mas como aguentar? Como se manter acordado, com a mente clara? Com cafeína no sangue? Morfina para acalmar a dor das pernas, a tensão dos músculos? Quantos químicos e injecções temos juntar ao corpo para que este fique firme e não trema? Tem de haver algo, tem de haver algo que cause euforia, frenesim, que me permita sair deste estado, eu tenho de agir, tenho de ser rápida, tenho que ir, tenho que acabar, vamos lá, vamos lá, tem de ser, agora, já, já, JÁ!

O tempo escapa, viscoso entre os dedos, e quando damos por nós os dias lentos transformam-se em meses rápidos. O que nós sonhámos que podiámos usar para descansar, dormir um pouco quase que parece utópico. No entanto, ainda assim, conseguimos arranjar forças para agir, para mostrar um esgar - algo parecido com um sorriso - e especialmente, dedicamo-nos a criar otimismo para que o amanhã seja mais suave. Uma breve esperança.

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