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27 de dezembro de 2013

Fugas e resoluções

Eu adorodeio clichés. Acabei de viver o típico cliché de "estava á frente dos meus olhos este tempo todo!" e não sei como reagir ainda. É incrível a quantidade de coisas que poderia ter evitado. É nestas alturas que eu começo com as frases iniciadas por "E se.. " e pelas resoluções dos conflitos mentais que andei a remoer desde o século anterior. É o que eu faço. A definição do eu: remoer e fugir.
Estou sempre cheia de pressa, com coisas para fazer, a arranjar coisas para fazer, que não me apercebi que todos esta atitude é apenas uma fuga. "Fazer". Entre aspas.
E aqueles textos que escrevi, talvez em 2010, de uma menina que não era capaz de lidar com os acontecimentos, que não fazia nada para tentar controlá-los, porque não sabia como... Eram de uma menina com uma insegurança absurda. Toda essa insegurança que me comeu viva e que me impediu de SER. Um remoinho mental que recalcou todo o potencial e as oportunidades criadas pelas circunstâncias e pela sorte, talvez até por mim mesma, mas como eu saberia? Só pedia ajuda; em silêncio! E o que aconteceu, o que mudou? Simplesmente nada. Deixei passar algum tempo e o tempo encarregou-se de melhorar. Continuei passiva, e tive uma sorte imensa. Que benção. Entretanto amadureci um bocadinho e talvez fartei-me. Decidi pegar nas ferramentas que já transportava comigo e utilizá-las. Trazer a minha própria felicidade, em vez de deixar-me arrastar...
Todo este tempo a pensar que estava a ter o papel de observadora, a voyeur suprema-julgadora, algo arrogante e egoísta, totalmente sem noção do real. Não estava a ser neutra nem imparcial. Eram as minhas ações a falar por mim, o meu silêncio e pequenos detalhes que agora consigo aperceber-me através da forma como me respondiam... O nosso caráter reflete-se no comportamento dos outros perante nós; os outros são como um espelho do eu: se acenarmos, eles acenam de volta, se lhes batermos, os estilhaços magoa-nos os punhos. É tão simples e lógico, que é um absurdo só ter chegado a esta conclusão agora. E no entanto desde o "torcer o pepino" que nos dizem Não faças aos outros o que não queres que façam a ti, e as mais lenga-lengas moralistas. Cheios de razão pá.
Quanto a fugir... Poderia incluir agora o "Fugir dos problemas não os resolve, encara-os", pois encaixa que nem uma luva. Clichés, clichés.... Eterna fugitiva, a fugir dos eventos, das pessoas, e das circunstâncias. Receando apreciar o momento, por sofrer de antecipação; a metáfora é mais fácil de compreender  - ainda está sol e eu já fico angustiada pela tempestade que advém. Sempre com medo de me magoar não é?
E por esse motivo, nunca cheguei tão perto deles, como agora. Falta de confiança, insegurança, contraste entre estas duas pessoas que aqui habitam e discutem entre si diariamente. Ou seja, "coisas da cabeça". Eles não precisam de entender, mas vêem. Penso que estou a dissimular, a evitar, mas está perfeitamente á vista e só apercebi-me disso agora.
Portanto, eis uma resolução que gostaria de cumprir. Não é mudar, porque já o tentei fazer no passado, e ainda não tenho a certeza se deu certo! As circunstâncias mudaram, assim como as pessoas, e talvez tenha passado algum tempo e ficado mais fácil. Não me sinto mudada, apenas revelada. Agora é aceitar, assentar. Deixar de fugir. Em 2014 quero parar de fugir.

Votos para um ano memorável :)

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