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13 de outubro de 2009

Palavras


Há algo em número maior e tão inocente como cruel, mais ainda do que o ser humano. Talvez as palavras? Palavras leves, palavras pesadas, palavras barulhentas, palavras inócuas, palavras sujas, palavras intensas, palavras ocas, palavras ensurdecedoras, palavras sufocantes, palavras límpidas, palavras puras, enfim, palavras, palavras e mais palavras. Dizem que é a melhor forma de expressão, no entanto se estivermos em silêncio, não causaremos tantos mal-entendidos que só as palavras podem fazer. Quantas palavras há num olhar? Como podemos ler um olhar, entender? Emoções? Sentimento? Mas é realmente possível expressar esses duas simples palavras, com palavras?


Amor, Ódio, Raiva, Felicidade, Tristeza, Rancor, Pureza, Liberdade... O que significam isto, quando as pudemos realmente dizer, para soarem bem no seu momento e no seu contexto...? O que pode um gesto dizer? Não bastam as palavras.

No entanto, há palavras piores que a dor. Sim, acabamos por descobrir que a dor psicológica magoa mais do que a dor física, porque não basta o tempo para sarar. Temos de superá-la.
E essas palavras são os punhais mais afiados, que podem tão facilmente destruir algo bonito.

E essas palavras ocas, ensaiadas, ditas pelo êxito já garantido, palavras que nunca trazem tanta emoção como um gesto. Apenas um sorriso que se esquece com o orgulho ou a humildade.
E quando um simples murmúrio, serve para desencadear um fogo, erguer as chamas, fazer explodir a raiva. É fácil esquecer que suportámos, mas é difícil esquecer as palavras insuportáveis, azedas, que nos afectam, por saírem dos lábios de alguém a que damos demasiada importância.
Mas apesar de tudo, até no mais profundo silêncio, elas continuarão a ecoar, pelos nossos pensamentos, simplesmente porque são palavras.

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